Tuesday, March 18, 2008

Tabu


O problema eh quando o tabu se forma, uma vez estabelecido, longamente presente. 
Nao querias que acontecesse, mas foi como que fugindo do controle, acontecendo quando menos esperavas. Dizias, desta vez nao, mas antes mesmo de pensar, acontecia... ou nao acontecia.
No entanto, algo precisa acontecer, algo externo talvez. O problema eh durante o tabu, uma forca desconhecida parece querer protege-lo, enquanto queres destrui-lo. O tabu eh preservado ao mesmo tempo que queremos elimina-lo de nossas vidas! Triste ironia, estas presa em meio aos seus tabus, sem ao menos encontrar uma porta de saida que lhe permita ousar um outro eu.

Wednesday, March 21, 2007

Os outros


Eu tenho grande dificuldade em entender as pessoas, por isso me faço distante de tempos em tempos, para absorver um pouco do que vivi com elas. Eu sou mistério acessível, abaixo da minha casca fina, eu cavo e acho. Pouco de mim me surpreende. Mas o que pensar dos outros e de suas reações? Neles, mora o grande mistério da vida.

Ética


“Mas eis aqui meu raciocínio: nada acontece na Natureza que possa ser atribuído a um vício nela existente; ela é sempre a mesma, com efeito; sua virtude e poder de agir são os mesmos em toda a parte, isto é, as leis e regras da Natureza, conforme as quais tudo acontece e passa de uma forma a outra, são em toda parte e sempre as mesmas. Por conseguinte, o caminho reto para conhecer a Natureza das coisas, sejam elas quais forem, deve ser também um único e mesmo: isto é, sempre por meio de leis e regras universais da Natureza. As afecções, pois, de ódio, cólera, inveja etc., consideradas em si mesmas, decorrem da mesma necessidade e da mesma virtude da Natureza que as outras coisas singulares; por conseqüência, reconhecem elas certas causas pelas quais são claramente conhecidas e têm certas propriedades tão dignas de conhecimento como as propriedades de uma outra coisa qualquer cuja mera contemplação nos causa prazer.”

Baruch de Spinoza

PS: Imagens de filósofos são únicas!

Tuesday, December 19, 2006

Um mergulho no mar

Eu nunca dei muita importância a datas. Não acho que dia 22 de 2000 e X acontecerá certa coisa ou que sexta-feira 13 é necessariamente um dia perigoso... O que são números, dias, horas? Meras formalidades criadas pelos nos para conferir mínima organização a nossa vida. As coisas boas ou ruins acontecem independentemente dos dias, ocorrem porque é de sua natureza ocorrer, porque fatos foram estabelecidos para que isso ocorra.. Enfim, nada a ver com uma data específica.
Entretanto, não posso deixar de dizer, como o fim do ano exerce influência sobre mim.
É engraçado porque nosso corpo se organiza para agüentar aquele período determinado, ai, quando vai chegando o fim desse período parece que a gente já ta quase não agüentando mais... E isso é puramente psicológico, porque se o ano acabasse em novembro, estaríamos do mesmo jeito em novembro, não agüentando mais....
Quando digo não agüentando mais, falo mais em relação ao trabalho, porque as férias estão próximas, o calor bombando e só o que você quer é um tempo livre pra fazer o que quiser.
A sensação de fim de ano é próxima ao estafe metal. É como se a gente não tivesse mais forças, como se a última semana de trabalho passasse mais devagar que as outras. A carga do ano todo pesa nas costas, juntas, poros, veias, entranhas... É o ano inteiro em uma semana. Eu fico totalmente cansada, me sentindo pesada e com calor.
Não que as minhas férias sejam lá umas férias, está mais para feriadão de 5 dias, mas já é tão bom contar com esses dias, sabendo que esse é o tempo para se livrar de tudo chato do ano que passou. Para isso, nada melhor que um mergulho do mar.

Thursday, November 23, 2006

Moscas-mortas

Tenho medo sim, qual o problema? Sou insegura e envergonhada.
Nesta sociedade em que só o sucesso é valorizado, as pessoas têm medo de assumirem suas fraquezas, diga-se de passagem, intrínsecas ao ser humano.
Pense. Se por um acaso você for gorda, a sociedade rapidamente lhe conferirá o status de fraca, pois você é incapaz de emagrecer e se adequar. As pessoas não se importam se você, simplesmente, não quer emagrecer. - Como não quer emagrecer? - Isso não existe... Existem características que a sociedade, em geral, despreza menos, como a falta de inteligência, por exemplo. Muitos homens fingem apreciar mulheres inteligentes, mas, sempre preferem as que mais lhes agradam esteticamente.
Dependendo do cluster social em que você está inserido a cultura é mais valorizada. Dentre os intelectuais, por exemplo, o excesso de beleza é que descriminado.
Independentemente do sujeito da descriminação, é certo que a sociedade é cruel. Não deixa margens para falhas. Admiro profundamente quem não se importa com a opinião dos outros, quem não se sente inseguro. Quem não tem medo e quem não tem vergonha, são menos afetados pela sociedade, que não deixa de partir pra cima do mesmo jeito, mas não os corrompe da maneira como corrompe os mais suscetíveis.
Como não pertenço ao grupo dos “não to nem ai” não sei até que ponto vai essa atitude. Não sei o que passa pela cabeça deles no momento em que pousam suas cabeças no travesseiro. O que sei é que temos que assumir mais nossas fraquezas, para que a nossa sociedade fique mais equilibrada. Detesto dar conselhos desse tipo, mas o fato é que a sociedade nada mais é do que um aglomerado de pessoas que se inter-relacionam. Ora, se essas pessoas passarem a conviver melhor com seus defeitos, a sociedade se tornará, consequentemente, mais tolerante.
O que me pergunto é, porque as pessoas não conseguem se apaixonar pelas outras? Vejo olhares cada vez mais superficiais, que deixam escapar o melhor das pessoas. Não querendo me revoltar, mas já me revoltando, não consigo entender como alguns passam pela vida como “moscas-mortas”, meros transeuntes, que jamais pararam para pensar, um só segundo, sobre o sentido de tudo isso, mesmo que depois de pensarem, venham a descobrir que, na verdade, não há sentido nenhum. Mas isso pouco importa, o que vale é o processo, os degraus.
Aí, aí, aí. Talvez esses sejam os grandes agraciados de Deus. Pensar é um fardo a ser carregado, é a certeza de um eterno desconforto, uma insatisfação constante. Às vezes queria ser totalmente fútil, volúvel, vulnerável... para ver se assim, se é mais feliz. No fundo, talvez eu inveje os “moscas mortas”.

Wednesday, November 22, 2006

Humildade

Onde estão os fracassados, os infelizes, os tristes, os incapazes?
O que vejo por aí são pessoas felizes em todos os âmbitos da vida, vejo: paixões, amores, ótimos negócios, sucesso, crescimento, felicidade, alegria. E se caso um desses vai mal, é porque: – foi a melhor decisão neste momento da minha vida...

Só vejo gente se vangloriando te ter tomado decisões corretas. Ah. Onde está o arrependimento, o medo. O mundo é habitado por máquinas felizes? Às vezes me ponho perto de uma dessas pessoas e isso me irrita, porque elas estão sempre satisfeitas, disseminando suas micro-felicidades e paixões-superficiais e fazem isso com gosto, como se o ouvinte, pobre coitado, fosse um infeliz.

Humildade, uma “virtude” que eu desprezo. Acho que o humilde é o mais soberbo de todos, pois com sua humildade, automaticamente, se coloca em posição superior, não diz o que verdadeiramente pensa e com isso, constrange os outros, que acabam se achando maus sujeitos. Ora, fazer com que os outros se sintam mal não é uma virtude. Então, porque cargas d’água a humildade é vista como uma atitude correta. Dá onde as pessoas tiram as coisas???

Thursday, September 21, 2006

Segunda-feira

A segunda-feira é nítida, pesada.
A segunda-feira é fria, silenciosa.
É dia de ser normal, banal,
Comum e individual.
Na segunda sou mais eu,
Convivo cara-a-cara comigo.
A luz é fria,
A pela é mais transparente.
O gosto de fim de semana,
Que ainda está na boca,
É amargo e ácido.
A noite de domingo já avisa
Ela é toda segunda-feira.
Nesse dia, busco fazer coisas simples.
Na segunda não cabe sofisticação,
É dia de comer torradas com manteiga,
Arroz e feijão.
É dia de trabalho acumulado,
Se presta à atenção.
A segunda é necessária, vital.
É dia, não noite.
É claro o dia todo.
Segunda óbvia, verdadeira:
Real.

Thursday, August 31, 2006

Felicidade Clandestina

Pobre de quem nasce fadado a gostar na felicidade clandestina.
Esses estão condenados à infelicidade, insaciabilidade e insatisfação.
A felicidade clandestina depende sempre de um ato escuso, de uma pitada de perigo e ilegalidade. É desafio, é o gosto pelo bater mais forte do coração.
Essa espécie de felicidade atinge todo tipo de gente, são pessoas que não conseguem acomodar seus sentimentos, precisam sempre correr um risco.
São amantes, ouviu?
Perdem para achar, acham para perder, sofrem para rir, esquecem para lembrar e assim por diante.
Vão e voltam,
São extremamente efêmeros os dotados do gosto pela clandestina felicidade.
Essa felicidade tem um gosto tão bom, provoca uma sensação indescritível e difícil de se encontrar em outras experiências sentimentais.
Pobre de quem nasce assim ou por acaso pega esse gosto logo no começo da infância, somos todos um pouco mais infelizes, mas mal sabem todos os outros que é dessa infelicidade que extraímos o melhor de viver para e pela felicidade clandestina.